quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Lévi-Strauss

Morreu aos 100 anos o antropólogo Claude Lévi-Strauss. Lévi-Strauss foi responsável pela consolidação da Antropologia Estrutural nas Ciências Sociais. O principal objetivo de Lévi-Strauss era a reconstrução das Ciências Sociais, com base em uma cientificidade maior, para tal utilizou-se de um arcabouço teórico da lingüística, disciplina que para o autor era a mais científica de todas das ciências humanas. Lévi-Strauss defendia que as estruturas são encontradas nas suas regularidades.
Sua relação com a História sempre foi muito complicada. Apesar da pretensão de uma maior cientificidade as Ciências Sociais, Lévi-Strauss não via na história nada de científico. Muito pelo contrário, para ele a história não é formalizada, é formada por acontecimentos aleatórios e por isso é caótica. Porém, o que Lévi-Strauss esqueceu é que as estruturas também são objetos da História e por isso a História seria importante na compreensão da realidade social e teria sua contribuição às outras Ciências Sociais.


Lévi-Strauss foi um dos professores da missão francesa que permaneceu no Brasil durante os primeiros anos da Universidade de São Paulo. Ao longo de suas pesquisas no Brasil Lévi-Strauss descobriu nesse “novo mundo” um lugar deslumbrante para se conhecer e se pesquisar. Escreveu Tristes Trópicos um livro sobre suas memórias em relação a sua passagem pelo Brasi

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Falando um pouco da mídia…

A cada dia que passa tenho uma sensação maior de mal estar com nossa mídia. Ou melhor, com nossa grande mídia, aquelas 11 famílias que tem o monopólio midiático no Brasil e a todo tempo falam em liberdade de expressão.

Gostaria de comentar aqui duas situações no mínimo curiosas. Estava eu navegando no site G1 da família Marinho, quando vejo a seguinte notícia: Serra dará aumento de 25% para bons professores” e a foto do governador estampada no site. Detalhe, era aniversário do Presidente Lula. O mesmo que os jornais da Globo às vezes esquecem de chamar de presidente. Nem uma menção ao aniversário do Presidente. Nada.

O outro caso foi com a Folha de S. Paulo o jornal da família Frias. A Capa do dia 28/10 trazia a seguinte foto e a legenda: Golfe ou Pólo aquático, fazendo referência a um campo de golfe que alagou na Grande São Paulo. O Detalhe é que na mesma região, cerca de 50 casas foram alagadas, pelo mesmo motivo, o transbordamento da represa. Por que será que foi mais interessante mostrar o campo de golfe do que os moradores e suas casas simples devastadas pelas águas da represa?

Peço a todos que prestem muita atenção aos sinais. A I Conferência Nacional de Comunicação está chegando, um marco em nossa democracia. E alguém viu isso na nossa grande mídia, que se diz livre? A cada dia que passa falam mais em liberdade de expressão, tentando deslegitimar um futuro controle social da mídia. “Nossa” grande mídia é tão poderosa que mais uma vez querem alterar o regulamento do campeonato brasileiro, mas isso será assunto de um outro post.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Serra e os professores

A mais nova estratégia de José Serra para limpar a imagem da educação no Estado de São Paulo foi uma mudança na carreira do magistério. Publicitariamente a mudança é excelente “o bom professor pode ganhar R$ 7.000 ao final da carreira”. Mas quando vamos além das manchetes percebemos a tática do nosso governador espertalhão.

A promoção do professor dependerá de uma permanência mínima na mesma escola, algo praticamente impossível na atual situação, da assiduidade do professor, que é cada vez mais rara com os problemas de saúde gerados pelo trabalho, e por fim da prova que poderá ser realizada a cada três anos. Não obstante, todas essas barreiras, ainda há o limite de 20% dos professores. Ou seja, somente 20% dos que prestarem vão ter seu aumento.

Há muito venho pedindo aqui neste blog a valorização do professor. Considero o curso preparatório para professores iniciantes uma medida acertada, mas que a longo prazo se perde na dura rotina dos professores. Não adianta o sindicato dizer que “o conhecimento não é garantia de uma boa aula”, pois o contrário é mais impossível ainda. Um professor com formação deficitária e sem domínio dos conteúdos terá sim o seu trabalho comprometido.

Defendo uma política de valorização da formação continuada. Somente cumprindo a Lei do Piso que garante 1/3 do horário do professor para atividades extra-classe (incluindo capacitação) o Estado de São Paulo começará a melhorar sua educação. Com tantos professores saindo de faculdades com qualidade duvidosa, o que esperar de sua atuação dentro de sala de aula. O Estado precisa estar ao lado do professor, oferecendo um salário digno e atualizações cotidianas. E não utilizar nossa categoria para propaganda política.

sábado, 17 de outubro de 2009

Vitória da diplomacia brasileira

A escolha do Rio de Janeiro como cidade sede da Olimpíada de 2016 é a consolidação do Brasil no cenário internacional. Uma trajetória iniciada em 2003, com o início da política diplomática do governo Lula e sustentada por quadros progressistas do Itamaraty, como o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, antes relegado ao esquecimento, e o Ministro das Relações Exteriores Celso Amorim.
Muitos já começaram a dizer que a estabilização econômica iniciada no governo Itamar Franco colaborou para a escolha do Brasil, sem dúvida não podemos esquecer disso, mas é muito mais do que a estabilização (se assim fosse já teríamos ganho a sede com Brasília-2000, ou Rio-2004). Mas não! A independência do Brasil no cenário internacional, nem de longe lembra o alinhamento de Fernando Henrique Cardoso a Bill Clinton e aos EUA. Não podemos esquecer que a grande negociação diplomática do governo FHC foi a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) que transformaria o mercado brasileiro em um apêndice do americano. Se essas negociações não fossem barradas pelo Itamaraty no pós-2003, hoje estaríamos na lama juntos com os EUA.
Porém, Lula e o Itamaraty apostaram na independência, apostaram na aliança com países antes ignorados (países que nunca nem tinham sido visitados por presidentes brasileiros, apostaram na expansão das embaixadas pelo mundo e nos quadros do Itamaraty, que passaram de mil diplomatas para 1400. Aposta correta, pois um país que almeja destaque internacional deve ter um largo e capacitado corpo diplomático e deve estar nos quatro cantos do mundo. O Itamarary e o presidente articularam muito bem em prol da formação do G-20. E com as medidas anti-cíclicas do governo federal o Brasil pode dizer ao mundo que saiu da maior crise mundial dos últimos 70 anos sem maiores traumas.
O maior legado dessa primeira Era Lula (além do PAC, do Pré-Sal, da Copa, das Olimpíadas, da diminuição da pobreza, da valorização das universidades públicas) foi a demonstração de amor, carinho, seriedade e compromisso com o Brasil ao longo desses 7 anos e que transpareceram na cerimônia de escolha da sede olímpica. Isso qualquer presidente que venha pós 2010 não poderá abrir mão. Pois o Brasil se acostumou a ter um presidente que ama esse nosso povo.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Dia do professor: vamos comemorar?

Mais um dia do professor, e com ele mais um dia no ano para reclamações, chateações, pessimismos, e comentários negativos que marcam a nossa vida. Isso mesmo, pois o que mais sabemos fazer é reclamar. Não sem razão, de fato as condições do professorado é cada dia pior, porém o que chamarei aqui de cultura da reclamação acaba por cristalizar habitus que em nada colaboram para o desenvolvimento da escola.
Infelizmente os professores ainda não entraram no século XXI, ou seja, não sabem qual é o seu papel dentro da sociedade. Esse é o maior desafio de nossa profissão. Reconhecer o nosso papel. E qual é esse papel? O de mais um profissional do corpo burocrático do Estado que faz seu trabalho como máquina e como tal deve ser bem remunerado? Ou da referência para as pessoas da comunidade (ou comunidades) em que atua? Acredito na segunda opção.
A título de comparação podemos pensar na Unidades da Polícia Pacificadora (UPP) que estão sendo utilizadas em algumas comunidade no Rio de Janeiro. Esses profissionais conseguiram diminuir os níveis de violência, e com ações simples e que não agridem (em todos os sentidos) as comunidades. Não será esse o papel do professor. O de modificador da escola. Aquele que não se conforma que a escola seja uma mera reprodutora de práticas, mas um local de crescimento para todos. Será que para isso o governo terá de criar uma nova categoria de professores, como criaram uma nova categoria de polícia para que essa não reproduza as velhas práticas nocivas? Espero que não!
Somente quando o professor estiver preparado para encarar o desafio de ser a figura de referência dentro de sua comunidade ele será reconhecido como tal, e consequentemente, o seu trabalho surtirá efeitos. O primeiro passo talvez seja deixar de lado a cultura da reclamação. Caso contrário continuará tudo como está. Neste caso, como diria o poeta desliguem as máquinas. Ou parafraseando Nietzsche o professor está morto.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Rio-2016 como incentivo à educação

Passada a euforia de ser escolhido como sede dos Jogos Olímpicos. Cabe aos governantes brasileiros traçarem um grande plano para que além da melhor olimpíada possamos ter o nosso melhor desempenho em termos de medalhas.
Onde estão os atletas de 2016?
Os atletas de 2016 estão nas escolas do Brasil. Cabe ao governo federal pensar em um grande garimpo de futuros atletas nas escolas de ensino fundamental e médio. Mesmo as universidades tem um importante papel.
A partir de agora a prática esportiva deve ser algo rotineiro no mais novo país das Olimpíadas.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Yeda Crusius no Roda Viva

Depois de todo o silêncio do PIG em relação às denúncias de corrupção no governo tucano do Rio Grande do Sul. A governadora Yeda Crusius dona de uma rejeição de 60% no estado e apoiada por Serra, será entrevistada no programa Roda Viva.

Espero que os jornalistas convidados saibam aproveitar esse raro momento e esclareçam o povo brasileiro sobre o esquema de corrupção tucano.

O Roda Viva é exibido Ao Vivo às 18h30 na internet
E na integra na TV Cultura às 22h10.

sábado, 3 de outubro de 2009

Lula reza, chora, supera Obama e dá show em Copenhague

E quando nosso presidente fala "nunca antes na história desse país" alguns (cada vez em número menor) ainda desconfiam!

O texto a seguir complementa os momentos que acompanhamos editados pelos telejornais.

Antonio Prada
Direto de Copenhague,
para o Terra



Cinco minutos antes do início da cerimônia de anúncio da sede da Olimpíada de 2016, o presidente Lula, que estava no hotel esperando a escalada da votação, chega ao auditório do Bella Center. Carrega um séquito de seguranças, ministros e assessores. O solene e sóbrio evento do Comitê Olímpico Internacional (COI) tinha roteiro e, se fosse qualquer outro país, seria seguido à risca. Mas lá vai Lula, roubando olhares e palmas de uma plateia que muitas vezes não demonstra qualquer emoção.

Lula senta-se na primeira fila. Nervoso e impaciente, levanta-se e tenta cruzar todo o palco, talvez para cumprimentar o companheiro José Luis Zapatero, chefe de Estado espanhol e rival nesse embate olímpico. Na mesma hora a voz do microfone anuncia: "dois minutos para começar". Lula é içado, dá uma paradinha que lembra aquela do Rubinho Barrichello no pódio. Senta novamente. Arranca gargalhadas da plateia. O protocolo se desespera. Timidamente.

Mas ainda dá tempo. Lula faz o sinal da cruz. Sentado do lado oposto, de frente, Joseph Blatter, presidente da Fifa e membro do COI, com direito a voto, não tira os olhos de Lula. Parece magnetizado. Cutuca os membros do COI ao lado. Repete o sinal da cruz de Lula, indicando a eles o gesto do presidente do Brasil. Ri. Balança a cabeça, como se dissesse que esse cara não existe. Muitos outros presentes não tiram o olhar do brasileiro.

Quando o presidente do COI, Jacques Rogge, pronuncia a palavra Rio de Janeiro e vira a placa, uma explosão de alegria do lado brasileiro. Lá está Lula pulando como um torcedor qualquer, abraçando todos, chorando como se fosse uma criança. Imediatamente tenta partir em direção à delegação espanhola. Não consegue. É bloqueado, como num jogo de futebol americano. Mas fura o bloqueio. Sob o comando de Lula, a comemoração brasileira em Copenhague vira carnaval baiano. Pipoca pura. Sem direção.

Segue a pipoca o sempre recatado escritor Paulo Coelho. "Pula, pula Paulo", incentiva uma brasileira. E Paulo pula. Lula e Pelé comemoram o gol da Olimpíada juntos, bandeira do Brasil nas costas. Juntam as lágrimas. Arrastam mais uma multidão. Lula para e faz questão de abraçar Juan Antonio Saramanch, 89 anos, ex-presidente do COI e artífice da candidatura de Madri, sentado no meio do tumulto. Dá um beijo na testa dele. Depois, segue em frente e finalmente encontra Zapatero. Trocam um forte abraço. Cochicham ao pé do ouvido, envolvidos por uma multidão, feito almôndegas.

Meia volta. Lula arrasta a turba de novo. Na contramão. Bandeira brasileira na mão. Vê Guga no caminho. "Guguinha, Guguinha. Me dá um abraço". Começa a cantoria. "Cidade maravilhosa cheia de encantos mil...". Lula agora vira puxador da alegria, seguido por Hortência, Janeth, Daiane dos Santos, Isabel Swan, César Cielo, Bernard.

Encontra Pelé de novo no caminho. Outro abração. Encorpado. A segurança vai arrastando Lula para fora do auditório, levando também alguns ministros, seguido por dezenas de câmeras. Pipoca política. Lula carrega a bandeira no ombro. Desce a escada. Já no hall inferior, desdobra a bandeira, ajudado por outras pessoas, e cria mais uma imagem que vai percorrer o mundo. Depois é carregado para uma sala.

Meia hora depois, Lula está de volta para a entrevista do vencedor. É o primeiro a sentar à mesa. Parece entorpecido. Põe os fones de ouvido, embora não tenha ninguém falando. O governador do Rio, Sérgio Cabral, chega e senta do seu lado esquerdo. Antes da entrevista acontece a cerimônia de assinatura do contrato, em outra mesa. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, levanta a caneta, como se fosse troféu. Fica de pé. Beija a caneta. Corre para Sérgio Cabral e o faz também beijar a caneta. Tenta que Lula também beije, mas Lula despista, vê a caneta e devolve-a.

Jacques Rogge parece não acreditar no que vê. Mas ainda não tinha visto nada. Lula tem Nuzman de um lado. E Sérgio Cabral de outro. Do lado de Nuzman está o presidente do COI, Jacques Rogge, impávido como Bruce Lee.

Nuzman é o primeiro a falar. Desfila elogios a Lula, Cabral e Paes. Mas foca suas palavras em Lula, que se emociona. E chora. Copiosamente. Por minutos. Estanca as lágrimas com um lenço. Encobre o rosto. Cliques de máquinas e flashes pipocam de todos os lados. Outro momento para ser espalhado pelo mundo.

Quando tem a palavra, Lula derruba o protocolo mais uma vez. Começa a falar de Jacques Rogge, que estava sem fone para seguir a tradução simultânea. Cutucado por Nuzman, põe o fone e ouve: "primeiro queria agradecer ao Jacques Rogge pelo carinho, pela gentileza. Todo mundo dizia na minha delegação: ¿mas ele não ri? Ele está sempre muito sério. Será que ele gosta de brasileiro ou não gosta de brasileiro?' E eu fico pensando muitas vezes que, no papel de presidente, a gente não pode rir. Temos que mostrar a maior seriedade". E Jacque Rogge bem que tenta, mas não segura. E ri. Lula fez o impávido Jacques Rogge sorrir.

Lula fala de Obama, brinca com a vitória sobre o presidente norte-americano. É aplaudido no auditório pelos brasileiros de plantão. Tem o nome gritado em uníssono. E continua. Diz que é amigo pessoal de Zapatero e que só não é amigo do primeiro-ministro japonês porque ele é muito novo e está no cargo "há apenas duas semanas". E que no Japão "você dá bom dia a um primeiro-ministro e boa tarde a outro, pois eles mudam a toda hora". Nova quebra de protocolo. E risos, alguns nervosos, ecoam no auditório.

Lula também começa a cutucar Jacques Rogge com o braço, quando quer falar diretamente com ele. Discreto e claramente incomodado, é ajudado por Nuzman na tarefa de conter o presidente brasileiro. Já cansado de responder e discorrer sobre os mesmos assuntos, Lula tenta terminar o discurso e levantar da cadeira. Não consegue.

Responde a mais algumas perguntas e diz que quer voltar logo para o hotel e ligar para mulher Marisa. Não sem antes deixar a ultima pérola: "Depois de 2016, vamos brigar por uma Olimpíada de Inverno", brinca com uma provocação política. Mais aplausos e Jacques Rogge avisa ao assessor de imprensa do COI que é uma boa oportunidade para encerrar a entrevista, totalmente fora de qualquer padrão olímpico. Lá vai Lula, de novo arrastando multidões, perdendo-se nos corredores do Bella Center, no dia mais feliz de sua vida, segundo suas próprias palavras. E lá vem a Olimpíada com o tempero brasileiro.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Democratização da comunicação na América Latina

Reproduzido do boletim e-Fórum, do FNDC, 22/9/2009; título original “América Latina dá passos para a democratização da comunicação”
Novos caminhos para a democratização da comunicação na América Latina começam a ser trilhados. Exemplo disso é a realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação no Brasil e o polêmico projeto de Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual, apresentado pela presidente argentina Cristina Kirchner. O argentino Guillermo Mastrini, em entrevista ao e-Fórum, avalia que essas iniciativas são reflexo das mudanças no contexto político da América Latina.

Guillermo Mastrini, licenciado em Ciências da Comunicação e docente da Universidade de Buenos Aires (UBA) e da Universidade Nacional de Quilmes, considera que a caminhada para a democratização dos meios ainda é longa, mas que nunca antes a participação da sociedade civil foi tão ativa. Hoje, na América Latina, garante ele, uma maioria de governos moderadamente de esquerda ou de centro-esquerda está disposta a buscar, ainda que lentamente, uma outra configuração dos sistemas de comunicação.
Em entrevista concedida ao e-Fórum, o professor e autor do livro Los dueños de la palabra, lançado na sexta-feira (18/9), em Buenos Aires, fala sobre a nova lei argentina de comunicação audiovisual, a concentração dos meios, a necessidade de políticas públicas e a luta por uma comunicação mais democrática. Leia a seguir.

O projeto da nova Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual, aprovado no último dia 17 pela Câmara dos Deputados da Argentina, vem gerando polêmica. Qual a sua avaliação sobre o projeto?
Guillermo Mastrini – Eu creio que em termos gerais é um bom projeto, ele avança notavelmente no sentido de definir a radiodifusão e o sistema de comunicação audiovisual numa abordagem mais ampla, como um conceito de liberdade de expressão vinculado ao direito à comunicação e não a uma liberdade de expressão entendida no sentido estreito e que somente é garantida àqueles que detêm o controle dos meios. Ou seja, é um conceito de liberdade de expressão que garante ao conjunto da cidadania a participação nos meios.
Logicamente, como ocorre em toda a América Latina - podemos ver isto recorrentemente na Venezuela, no Equador, na Bolívia e também no Brasil - cada vez que um governo quer legislar a radiodifusão, dar aos serviços de comunicação um sentido democrático, os donos dos meios midiáticos imediatamente começam a dizer que se trata de um ataque à liberdade de expressão. Na verdade, trata-se de um ataque a "sua" liberdade de expressão, porque a liberdade das empresas pretende ser absoluta. Eles acham que são os únicos com direitos para transmitir, dominam todos os meios e não querem nenhuma restrição. Quando se criam novos direitos para outros cidadãos, obviamente, se entra em choque com esses interesses. Isso precisa ser entendido.

A Argentina tem até hoje uma legislação com clara concepção autoritária, que provém da ditadura [entre 1976 e 1983], e nesse sentido é muito importante que se possa sancionar essa nova lei. De que forma essa Lei contribui para uma comunicação mais democrática na Argentina?
G.M. – Bom, para começar, há um grande avanço ao que se reserva em torno de 33%, um terço do espectro radioelétrico, às organizações sem fins lucrativos. Quero dizer, a Lei concebe que essas organizações não só podem ser licenciadas, como devem ter um espaço reservado, porque, senão, se torna um direito falho. Para nós, esse é um ponto muito, mas muito importante na ideia de avançar para uma democratização da comunicação.
Além disso, avança também na "desmonopolização", ou seja, impõe limitações importantes aos grandes grupos econômicos para serem proprietários dos meios de comunicação. Isso também implica a necessidade de retrair investimentos aos grupos multimídia surgidos na década de 1990.
Eu diria que os principais elementos que a Lei possui, em matéria de democratização da comunicação, são as ações de caráter antimonopólio e o aumento da participação da sociedade civil nos meios de comunicação.

A presidente Cristina Kirchner determinou a retirada das empresas telefônicas do controle da TV a cabo no novo projeto. Como o senhor vê isso?
G.M. – Eu acho, e essa é uma posição muito pessoal, que as telefônicas vão acabar entrando de toda forma no setor de serviços audiovisuais. Nesse sentido, penso que seria melhor regular a maneira como vão entrar, e não esperar que entrem para depois regular.
Agora, é certo que não haveria consenso político para aprovar o projeto, se não fosse feita essa retirada. Então, podemos observar de duas maneiras essa modificação. Se observarmos do ponto de vista de qual lei seria a melhor, creio, a que permitia o ingresso, mas que o regulava de forma claramente antimonopólica. Mas, acho que na política, nem sempre o melhor é o mais adequado – se essa melhor redação levaria a uma rejeição da lei, de nada adiantaria. Com a modificação, muitos deputados votaram a favor do projeto, e é isso que importa. Me parece, então, que é um saldo positivo ter feito a mudança. Em termos estritamente técnicos, porém, não estou de acordo.

Qual o papel do Comitê Federal de Radiodifusão (Comfer)? Por que ele não consegue evitar a existência dos monopólios/oligopólios?
G.M. – A atual legislação permitiu a conformação de oligopólios. O objetivo da nova lei é gerar um marco normativo que os impeça.
O Comfer não regula, só aplica a lei. É aquele que tem o poder de polícia em relação à radiodifusão. Tem participação também na publicação das licenças, mas não é concretamente um regulador, é uma agência de controle e de aplicação. Regular fica nas mãos exclusivamente do Congresso da nação.
Em sua pergunta, está implícita a dúvida em relação à capacidade que a futura autoridade terá para aplicar e fazer cumprir a nova legislação [no projeto aprovado pela Câmara, está prevista a criação de um órgão específico para os Serviços de Comunicação Audiovisual]. Também temos dúvida quanto a isso, porque o poder dos meios de comunicação é muito grande.
É preciso destacar que a nova lei da radiodifusão vem precedida de uma enorme pressão social, algo parecido – mas com menos tradição e fortaleza – ao FNDC. O que nós chamamos de Coalizão por uma Radiodifusão Democrática elaborou a base do projeto, não escreveu a Lei, mas ajudou a construí-la baseando-se na filosofia de um projeto de origem arraigada na mobilização popular por uma radiodifusão democrática.

Políticas públicas

Em países como Venezuela, Chile, mais recentemente o Equador, começam a discutir a reformulação das leis de comunicação. Como o senhor avalia esse novo cenário na América Latina?
G.M. – Temos que entendê-lo num contexto histórico. Na América Latina, os donos dos grandes meios historicamente dizem que a melhor lei é aquela que não existe, e o que eles fizeram foi pressionar para que não houvesse regulação dos meios.
Neste momento, a dinâmica do mercado comunicacional, com a erupção das novas tecnologias, de novos setores como as empresas telefônicas, fazem com que seja muito importante ter que regular. Porque há novos atores, há novas políticas para desenvolver, e nesse sentido é necessário que se estabeleçam regras de jogo claras.
O que mudou, em relação à história, é a situação política. Estamos num contexto diferente do que tradicionalmente ocorreu. Hoje, há uma maioria de governos na região moderadamente de esquerda ou de centro-esquerda. Nessa conjuntura, evidenciou-se que os acordos feitos pelos governos que não eram desses campos, com os proprietários dos meios, não eram tão nítidos. Assim, se abriu a discussão de como regular a comunicação. O que deveria ter sido feito desde as origens da radiodifusão. É curioso que não se tenha feito antes, e, portanto, resulta tão conflitante fazê-lo nesse momento.

Em relação às políticas públicas de comunicação, qual é o panorama na América Latina?
G.M. – O interessante nesse ponto é que se voltou a falar das políticas de comunicação no continente latino-americano. Esse tema teve muito fervor e incidência na década de 1970 e depois entramos em um túnel escuro nos anos de 1980 e 1990, onde era praticamente um palavrão mencionar a expressão "políticas de comunicação". Por sorte, hoje está se abordando o tema.
Eu digo sempre que há três atores principais nas políticas de comunicação: o Estado, as empresas e a sociedade civil. Creio que pela primeira vez a sociedade civil está participando. Em geral, se revisamos a história das políticas de comunicação, dos três atores só participavam dois, as empresas e o Estado.
Há uma redefinição das políticas de comunicação, em alguns casos se avançou mais em termos de democratização, em outros nem tanto. E nesse processo se destaca a consciência da sociedade civil de que precisa intervir; é claro que essa intervenção nem sempre tem a força necessária, mas esse é um processo de organização que leva tempo.

Que medidas precisam ser preconizadas para expandir as políticas de comunicação na América Latina?
G.M. – O primeiro passo que temos a dar na América Latina são leis de radiodifusão elaboradas de maneira democrática e com participação social. Agora, esse é um ponto de partida – a aplicação dessas leis requer um trabalho contínuo. A lei não é o ponto de chegada da política de comunicação, é a base. Para a realização dessa política, há uma tarefa social importante que é o acompanhamento diário para construir uma comunicação melhor e mais democrática.

Qual sua avaliação sobre a adoção do modelo da TV digital brasileiro em outros países latino-americanos?
G.M. – Acho que teria sido melhor que todos os países tivessem negociado juntos. O fato de o Brasil ter negociado sozinho, primeiro, e depois ter conseguido que o resto dos países assumisse o modelo, marca claramente a importância do país, neste momento, como líder regional.
Se pensarmos nas diretrizes estratégicas regionais, creio que teria sido melhor ter negociado. Porque assim, quem conseguiu as melhores condições foi o Brasil. De toda a forma, teria sido melhor para o conjunto da sociedade negociar integralmente com os países condições boas para todos, levando em consideração o mercado. Está claro, porém, que o fato de vários países escolherem a norma japonesa permitirá alguma integração regional em matéria de políticas industriais. Depois teremos problemas derivados do fato de não ter-se negociado conjuntamente e ainda bastante disputa em termos dos direitos e tutelas de cada um dos países.

Concentração dos meios

No livro Los dueños de la palabra, que está lançando agora, o senhor trata da concentração dos meios de comunicação. Fale um pouco desse livro.
G.M. – Nossos trabalhos nos revelam médias, logicamente tudo é variável, mas em termos gerais, no sistema de comunicações, as quatro primeiras empresas de cada mercado concentram 80% da propriedade, não só dela, mas das audiências – e esses são números muito altos. São níveis realmente significativos para qualquer indústria, principalmente para uma indústria onde estão em jogo os valores simbólicos, a difusão de ideias.
Precisamos dizer que, de todos os mercados que nós estudamos – imprensa gráfica, rádio, televisão, televisão a cabo ou por assinatura, telefonia móvel e fixa –, os mais concentrados são os mercados telefônicos. Também vimos que há uma tendência das grandes empresas telefônicas em expandir-se para o setor audiovisual, especialmente primeiro via cabo. E há uma tendência de que duas grandes empresas telefônicas da região cada vez tenham mais penetração em todos os mercados – a Telefónica da Espanha e a Telmex do México estão praticamente presentes em todos os países da América Latina e cada vez ganhando mercados.

Quais são as características e problemas semelhantes nos países nessa questão da concentração?
G.M. – Em geral, os níveis de concentração são muito similares. Como nós havíamos estudado, os países maiores, com maior população, têm maiores mercados, e por isso um pouco mais de diversidade que os países pequenos. Pela simples questão de que o tamanho do mercado permite a existência de mais meios. De toda forma, os níveis de concentração são muito altos em todos os países.

Onde é mais amena a concentração dos meios de comunicação?
G.M. – Podemos dizer que no Brasil o nível é menos alto, mas é muito alto também. Brasil e México, em alguns pontos, têm menos concentração. Pela simples razão de que como são mercados maiores, possuem mais meios. Mas ainda com níveis altíssimos. Verificamos os países maiores têm níveis mais baixos de concentração . Mas se pensamos de outra maneira, por exemplo no Brasil, a média pode estar em 75%, e dominar 75% num mercado tão grande e poderoso como o brasileiro, isso é ter uma potência econômica que nenhum grupo tem no resto do continente.

Como fica a comunicação comunitária em relação à concentração dos meios?
G.M. – Em geral, há muito pouca regulação que favoreça a comunicação comunitária. Temos um exemplo recente muito bom, surgido no ano passado, que é o caso do Uruguai. Lá, pela primeira vez, tem uma legislação importante em matéria de radiodifusão comunitária, mas em termos gerais, há muito atraso. A legislação chilena é muito, muito ruim, porque quase condena a existência da comunicação comunitária em vez de incentivá-la. A mexicana também é bem ruim. E por aqui, na Argentina, estamos no começo.
A nova Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual argentina permitirá, sem ser uma lei específica de radiodifusão comunitária, estimular o setor a partir do forte incentivo que dará às organizações não governamentais. Mas há muito a ser feito em matéria de radiodifusão comunitária.

Quais são as carências e méritos encontrados quando se trata dos marcos regulatórios?
G.M. – Os meios de comunicação estavam acostumados a uma regulação que os protegesse e nunca enfrentasse seus interesses. Isto tem sido tradicional na América Latina. Sempre a regulação dos meios favoreceu a expansão dos grupos multimídias. E é por isso que, se fizermos um processo de revisão e visualizarmos uma nova tendência na qual se possa compreender que não só os meios de comunicação devem ser os favorecidos, mas sim todo o conjunto, estaremos numa etapa mais democrática na comunicação.

O que mudou desde a publicação de Periodistas y Magnates [livro anterior, também publicado em conjunto com Martín Becerra] até Los dueños de la palabra?
G.M. – Não mudou muita coisa. O que se confirma é uma tendência de alta concentração. Nós destacamos como diferença principal o fato de as telefônicas, sobretudo as empresas Telefónica e Telmex, como eu já apontei, estarem cada vez mais presentes em todos os mercados da América Latina e como as maiores do setor. Nesse sentido, parece uma questão chamativa, para se dizer o mínimo, que está se formando no nível telefônico uma espécie de duopólio, um monopólio de dois. E que vai ter, sem dúvida, uma incidência no setor audiovisual.

Democratização da comunicação

Quais são os desafios para a democratização da comunicação?
G.M. – O fundamental é que se possa estabelecer em todos os países uma regulação que limite claramente o desenvolvimento dos monopólios e dos oligopólios. Que, ademais, estimule uma política pública. Não basta limitar os monopólios, creio que uma política pública de comunicação tem que, além disso, promover a diversidade. O mercado por si mesmo não está em condições de promover a diversidade, portanto, resulta fundamental que haja uma intervenção do Estado para garantir meios diversos.

Como fazer para a sociedade se envolver mais?
G.M. – Eu acho que é um trabalho que a própria sociedade deve fazer. Não há uma receita. Acho, claro, que o fato de existirem organizações como o FNDC, ou organizações democráticas que tenham presença social e cotidianamente se vinculem a sindicatos, a movimentos de base é importante. Não é uma tarefa fácil. Então, tudo que se faz serve para avançar. Logicamente, sempre se falta recurso, boas articulações, sobretudo termos capacidade de articulação com outras instâncias. Acho que é mais ou menos isso, seguir trabalhando, participando, estando presente.

Confecom

Em relação ao Brasil, como o senhor vê a realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação?
G.M. – Nós vemos com muita expectativa, porque neste momento, o Brasil, em ternos políticos gerais – não específico da radiodifusão –, está se transformando numa referência inquestionável para toda a América Latina. Nesse sentido, o que acontece no Brasil vai ser importante. Nós, por exemplo, esperamos que finalmente o governo de Lula possa sancionar uma lei de radiodifusão democrática.
Mas eu vejo isso com certo ceticismo. Parece-me que o governo Lula tem mantido uma relação de equilíbrio. Com muitas virtudes em muitas áreas, em matéria de políticas de comunicação, mas ainda não enfrentou os grandes grupos de multimídia. Não digo que esteja a favor, mas tem tido uma relação de equilíbrio, especialmente com o grupo Globo. Se considerarmos a norma de televisão digital, vemos que não há confrontação. Não que ela deveria acontecer, mas me parece que seria melhor se privilegiassem mais os interesses da sociedade civil, editando uma lei de radiodifusão emanando a vontade popular e não só levando em consideração os interesses dos grandes grupos corporativos.
Espero que a Conferência Nacional de Comunicação, que se levará a cabo agora em dezembro, seja um passo a mais nesse sentido. Eu vi, por exemplo, que revogaram uma lei de radiodifusão da ditadura [Lei de Imprensa], mas ainda não sancionaram uma nova. Isso ficou um tanto complexo, é como se vocês estivessem na metade do caminho, e creio que seria muito importante para o Brasil percorrer a outra metade para finalizar essa questão.

[Com a colaboração de Fabiana Reinholz]

Associação Brasileira de Organizações não Governamentais


Nota da ABONG sobre a criação da CPI contra o MST


A Associação Brasileira das Organizações Não Governamentais, ABONG, vem por meio desta nota, manifestar seu repúdio à criação de mais uma Comissão Parlamentar de Inquérito contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST.

A ABONG considera que a criação desta Comissão decorre de permanentes processos de criminalização de movimentos sociais, nos quais o MST tem tido triste, involuntário e permanente papel de protagonista. Essa estratégia atende aos interesses de setores retrógrados do Congresso Nacional, os quais, em aliança com o agronegócio e latifundiários, autoritariamente não aceitam a existência de um movimento popular legítimo, que há vinte e cinco anos organiza a população no campo para a luta por uma reforma agrária em nosso país. Esta CPI faz parte da estratégia da elite brasileira de barrar qualquer possibilidade de mudanças estruturais na nossa sociedade.

É importante ressaltar o motivo deflagrador desta nova ofensiva, que para o MST se deve à conquista da atualização dos índices de produtividade, bandeira histórica dos trabalhadores e trabalhadoras rurais sem-terra, anunciada recentemente pelo governo federal.[1]

Segundo a Constituição Federal, toda a terra que não cumprir sua função social é passível de desapropriação para fins de reforma agrária, o que não compreende apenas as improdutivas, mas também relaciona-se às propriedades que descumprem as leis trabalhistas e ambientais. Dessa forma, a atualização representa um pequeno avanço, já que a medida dos índices até então atingia apenas as propriedades rurais consideradas improdutivas e não garantia o cumprimento da lei de forma mais abrangente.

É, no entanto, impressionante, como, em um contexto de democracia, parlamentares e grande imprensa, articulados aos representantes do latifúndio e agronegócio, insistem em tentativas de criminalização do MST. Estas não desembocam apenas em ações ideologicamente comprometidas, como é o caso desta CPI, das investigações do Ministério Publico do Rio Grande do Sul e o fechamento das escolas do MST neste estado, mas também estimulam e contribuem para assassinatos de militantes da causa da reforma agrária, despejos violentos e proibição de manifestações.

A existência de movimentos sociais como o MST é saudável e imprescindível à democracia, pois sua atuação abrange a luta por direitos em seu conceito mais amplo exigindo do Estado a desses direitos.. A defesa da reforma agrária, da educação pública de qualidade, do meio ambiente e todas as demais bandeiras do Movimento são também bandeiras da ABONG, pois sua efetivação aponta para a construção da sociedade que queremos, com justiça social, igualitária e fraterna.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O que quer Marina?

Em sua entrevista ao programa Roda Viva da TV Cultura Marina Silva. Seguiu sua incansável defesa ao Meio Ambiente e importância da formulação de uma agenda para o desenvolvimento sustentável. Falou também sobre a importância da licenças ambientais, e como estas não pode ser vistas como simples entraves e como uma mera questão burocrática, mas sim, como uma atividade de imensa responsabilidade que terá consequencias a longo prazo.
Marina continua na defensiva em relação a sua candidatura à Presidência. E disse que não quer transformar o PV em um partido de massas. Isso talvez seja reflexo dde sua experiência com o PT. E de todas as implicações que existem na constituição de um partido de massas, como uma estrutura democrática interna muito forte. De fato, é mais fácil ter influência dentro de um partido menor, do que dentro de uma organização plural, democrática e com tendências como um partido de massas.
Gostaria de convidar meus leitores a comentarem os aspectos que mais chamaram a atenção na entrevista. E mesmo aqueles que não assistiram, o que chama a atenção em Marina.
Só para apimentar um pouco a discussão o que será esse PV com Gabriel Chalita e Paulo Skaf???

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Marina Silva no Roda Viva

Hoje, às 18h30 no site e às 22h10 na TV Cultura ocorrerá a entrevista com a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Vale a pena conferir, pois com toda certeza o assunto mais falado será o se sua relação com o PT.

Terça-feira comentamos a entrevista aqui.

sábado, 19 de setembro de 2009

Semana de História

Entre os dias 21 e 25 de setembro ocorrerá na Faculdade de Ciências e Letras da UNESP, campus de Assis-SP (430 Km da capital) a XXVI Semana de História. Este ano o evento terá como tema os 80 anos dos Annales. Importante periódico francês que revolucionou a concepção de História na França e influenciou os historiadores brasileiros.

Além das mesas-redondas e conferências voltadas para a temática historiográfica. Ocorrerão diversas sessões de trabalho, nas quais temas desde meio-ambiente até mídia serão discutidos em uma perspectiva historiográfica. A Semana será uma ótima oportunidade para àqueles que querem atualizar seus conhecimentos historiográficos. Além do professor Laurent Olivier Vidal da Université de La Rochelle que realizará a conferência de abertura, haverá a presença do professor Fernando Novais, realizando a conferência de encerramento.

As inscrições poderão ser feitas no primeiro dia do evento.

Mais informações

www.assis.unesp.br/semanadehistoria

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O Serra nos enganou...

Isso mesmo caros colegas professores. O concurso prometido para este ano já ficou para o ano que vem. Talvez por que ano que vem haverá eleição! Mas isso é só uma suposição. Nada de 50, 60 ou 80 mil vagas, 10.083, esse é o número exato.

Em uma rede que tem 100 mil professores em caráter temporário – quase 50%. Escolas com mais de mil alunos que só tem dois professores efetivos. Como estará essa escola em fevereiro de 2011 quando os primeiros dos 10.000 e só os primeiros começarem a assumir?

Não sei como estará a escola o que sei é que Serra espera estar no Planalto. Se ele conseguir isso será um aval a política dos 3 P’s (Presídio-Pedágio-Privatização) da gestão de 16 anos do PSDB em SP, aí sim teremos um problema.

E quem estará no Palácio dos Bandeirantes? Acho que já está mais do que na hora de mudar a decoração daquele palácio, talvez uma pitada de vermelho o deixe na medida. E quebre a monotonia desses 16 anos de descaso com o estado mais rico do mundo e com uma das piores escolas do Brasil.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Um espaço em plena mudança...

Este blog começará a passar por uma pequena mudança. A primeira pequena grande modificação é o retorno das postagens periódicas. Desapareci por um tempo, não por ter desacreditado do poder de interlocução desse espaço, mas por estar um pouco confuso com tudo que aconteceu na minha vida.

Deixei a sala de aula. Estou engajado agora na minha pesquisa de mestrado (sou bolsista e não posso dar aulas). Isso me fez chegar a uma conclusão: "Se não estou em sala de aula como vou escrever um blog sobre professores?". Essa constatação me atormentou. Até que decidi dar uma repaginada na minha página

A partir de agora tratarei aqui no blog da educação como um todo. Não no seu sentido estrito, burocrático. Mas no seu sentido freireano. Acredito ser imprescindível ao ser professor saber sobre cultura, política, mídia, e outros assuntos interessantes, mas que acabamos deixando de lado, perdidos entre tantos diários, papeletas, reposições e alunos.

Talvez a ampliação da minha pequena lupa amplie também o público desse blog. Assim terei de me acostumar a não escrever exclusivamente para professores. Estou preparado para o desafio. O que resultará toda essa mudança? Não sei!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

As mazelas da reposição

Após toda a algazarra em torno da gripe suína, os professores e alunos voltaram ao trabalho. Para alívio dos país que não aguentavam mais seus filhos em casa, e descobriram a verdadeira função da escola. Porém sabemos o quão falaciosa está sendo essa reposição.
Repor o quê? Aonde? O único resultado desse reposição e o cansaço do professor e o tédio do aluno. Ambos tendo de desenvolver atividades aos sábados. Pelo menos os pais podem ir às compras nesse horário.

terça-feira, 28 de julho de 2009

A missão do professor

Qual a missão do profissional que tem de lidar com mais de 30 alunos por hora? E a cada hora esses alunos mudam? Totalizando 300, 400, 500 por semana! Se considerarmos que cada um desses alunos mora em uma casa com pelo menos mais quatro pessoas, nos damos conta que falamos para 2500 pessoas por semana. Ou seja, nossos gostos, ideias, nossos humores, tudo isso chega a 500 lares todos os dias. É muita gente!
Essa quantificação que acabei de fazer revela a grande responsabilidade que cerca o nosso ofício. Somos capazes de instalar o otimismo, o pessismismo, a simpatia ou a antipatia. Dentro de uma sociedade marcada pela violência como a nossa, o papel do professor é o de humanizar é o de trazer o sorriso, despertar a curiosidade, motivar o espírito.
Para tal missão não basta estarmos aptos intelectualmente, devemos estar felizes com o mundo. Acreditarmos que a mudança é possível. Quando caímos na descrença pouco há para contribuir. E a missão do professor é contribuir, mostrar o caminho, alertar para a necessidade da compreensão do real.
Cair em descrença com a atual realidade da escola é algo rotineiro, cotidiano. Todos os dias fazemos nossas reclamações, nossos discursos derrotistas. Devemos da mesma forma, construir a escola que queremos todos os dias, na relação com os outros seres humanos, mesmo que estes tenham esquecido que são humanos.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

VII FREPOP (IV Internacional)






A patir do dia 22/07/09 tem início o VII FREPOP (Fórum Regional de Educação Popular). O Frepop é uma ONG alinhada aos ideais do Fórum Social Mundial e que vem desenvolvendo um papel bastante ativo no Oeste Paulista. Trabalhando no fortalecimento dos movimentos sociais da região e colaborando para o debate dos problemas sociais.


Este ano o tema do evento é "EDUCAÇÃO POPULAR E DESENVOLVIMENTO SOLIDÁRIO SUSTENTÁVEL: RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO, CULTURA, TECNOLOGIA SOCIAL, ECONOMIA SOLIDÁRIA E SUSTENTABILIDADE – UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL.


Faço o convite como alguém que já participou de duas edições e não se arrependeu. Vale a pena!


Quem quiser conferir acesse:
http://www.frepop.org.br/




domingo, 12 de julho de 2009

Quem é vivo sempre aparece..

Cá estou eu de volta! Depois de uma pequena hibernação nada melhor do que colocar os assuntos em dia. Primeiro, por que fiquei tanto tempo longe do blog? Nem eu sei a resposta. Talvez a fase de transição, a adaptação a nova rotina, a pouca experiência na condução de um blog, sei lá! Escolham vocês os motivos.

O que sei é que este início de férias trouxeram novos ares, algo muito importante para alguém que lida com as palavras. Motivações não faltam para que eu continue meu trabalho por aqui. Ao contrário de nosso "querido" Diogo Maynardi que não se adaptou a internet e "pediu pra sair", cada dia que passa eu me sinto mais integrado com essa maquininha e acredito na sua potencialidade na formação de cidadãos, e cidadãs também por que não?

A partir de agosto se inicia uma nova fase em minha vida (alguns podem dizer: - mais de novo?). Ingressei na Pós-graduação de História da Unesp de Assis. E como pesquisa e docência não podem se dissociar, a partir de então sempre farei referências a minha pesquisa e aos assuntos adjacentes.

Estudarei o Telecurso, isso mesmo, aquele programa de EAD que passa de madrugada na Rede Globo. Pois é, este programinha foi criado em 1978. E há diversas histórias cercando sua criação. É isso que vou historiar.

Por isso, a partir de agora falaremos não só da nossa condição como "seres professores", mas também discutiremos temas importantes, como democratização da mídia, política, cultura, economia e até sobre o nosso Michael!

Pois um professor tem de ser completo, mesmo não sendo!

domingo, 24 de maio de 2009

Mudando de Casa…

Pessoal estou de mudança, essa semana ocorreu uma pequena reviravolta em minha vida profissional. Desde o início do ano eu lecionava na EMEF Adelaide Pedroso Racanello em Ourinhos (70 Km de minha casa). Ou seja, viajava 140 Km quase todos os dias para dar aulas.

Porém, consegui aulas no município vizinho, que fica a 30 minutinhos de casa e consegui abrir a minha portaria no Estado. Lecionarei na E.E. Clybas a pouco mais de 10 minutos de casa.

Provavelmente, esse cenário seria o caso perfeito, se não fosse por uma motivo, ter de abandonar o Racanello. Este texto é dedicado a todos os professores, a direção, e a coordenação que acolheram com muito respeito um professor novato com tantos sonhos, medos e desafios pela frente.

Minha experiência na rede pública oficial não poderia ter sido melhor. Perceber que uma escola que conta com profissionais sérios pode desenvolver um bom trabalho, a despeito da situação precária da educação de nosso país, enche de esperança um professor em seu início de carreira.


Fiquei muito triste em ter de abandonar meus colegas de trabalho, meus alunos, e todos da escola que estavam sempre motivados, apesar das adversidades, a fazer nossos “pestinhas” aprenderem.

Agradeço as professoras Vanessa de ciências (que me recebeu tão bem e me ajudou nos primeiros passos da vida de professor), Carolina de História (que não pegou as aulas da tarde na atribuição, me proporcionando essa experiência) aos professores Thyago de Língua Portuguesa, Marcos de Inglês (pela motivação, seriedade e conhecimento), Móises, o nosso AP sempre disposto a contar boas histórias, Toyota de E.F. A professora Davina, nossa cordenadora, que também está enfrentado um grande desafio no nível II. A professora Edélzia, que desde o primeiro dia de aula deixou transparecer, sua seriedade, profisionalismo, compromisso e amor pela educação. Agradeço todos os professores que me propiciaram tão linda experiência.

Muito obrigado a todos e espero poder trabalhar novamente com belos profissionais.

domingo, 17 de maio de 2009

Cristovam Buarque e a sua bandeira...





Conforme anunciado aqui em nosso blog ocorreu nesse dia 15/05 (sexta-feira) a abertura do I Fórum Educacionista de Ourinhos. O evento contou com a presença do Profº Dr. e Senador Cristovam Buarque que proferiu sua palestra um auditório de mais de 600 pessoas.

Por que educacionismo? Essa era a pergunta que o professor tentou responder. Como já foi dito no Blog o educacionismo propõe uma revolução pela educação. Seu lema o filho do trabalhador na mesma escola do filho do patrão! O professor, incomodado com a falta de novas utopias, acredita que o educacionismo é a saída para os problemas da humanidade.

A tarefa é árdua, 200 mil escolas em todo país, mais de 2,5 milhões de professores. A proposta do Senador e a federalização da educação, criando uma carreira federal do magistério, na qual o professore fosse bem remunerado em todo país. A idéia do professor é estender a todas as escolas do país o modelo do Colégio Pedro II, onde um professor ganha em média 4 mil reais.

É óbvio que isso não se faz da noite para o dia. 20 anos, essa é proposta, 10 mil escolas por ano, passariam por essa revolução! 100 mil professores contratados por ano.
Isso é plenamente possível, e factível de acordo com o orçamento da União.

Porém, o desafio é grande, em um país onde somente 1/3 dos jovens conclui o Ensino Médio, existem 14 milhões de analfabetos, onde as pessoas não valorizam a figura do professor e nem do bom aluno. A tarefa tem de ser de persuasão, convencer as pessoas que somente a educação diminuirá nossa desigualdade.

Fica lançado o desafio... quem quiser abraçar a causa seja bem vindo ao educacionismo!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Professor temporário em SP

A Secretaria da Educação de SP, comandada pelo Sr. Paulo Renato, emitiu uma nota que esclarece como ficará a situação para os professores temporários (cerca de 80 mil) ano que vem. Os professores serão submetidos a uma prova, provavelmente no mesmo teor da deste ano. Quem for reprovado não poderá atuar em sala de aula, cumprirá uma carga de 12h em outras funções.

A medida com certeza causará furor no professorado, como fora ano passado, porém desta vez creio que aqueles que foram mal, nem me refiro aos que zeraram, mas sim aqueles que tiveram fraco desempenho em uma prova notoriamente fraca. Eu que até o momento nunca tinha entrado em sala errei apenas 2 questões. Já professores com anos de experiência (que também será contado) acertaram pouco mais de 50%.

Creio que cobrar do Estado respeito com a educação e tarefa do professorado, mas antes disso, deve existir o nosso compromisso com os alunos e com o conhecimento, elemento que faltou para muitos de nossos colegas.

Espero que as medidas do Estado não parem por aí, e que, caminhem no sentido da regulamentação da jornada de 1/3 de atividades fora da sala de aula.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Mudanças à vista... ou a prazo?

O Ministério da Educação vai discutir junto ao Conselho Nacional de Educação (CNE) o projeto de modificação do Ensino Médio. Entre as principais mudanças estariam: a divisão da grade em quatro grandes eixos, o que acabaria com a divisão rígida entre matérias; um aumento da carga mínima de 2,4 mil para 3 mil horas; flexibilidade para que o aluno escolha até 20% de sua grande curricular.

É interessante notarmos o quão benéficas são essas alterações. Todas elas lembram muito as medidas realizadas na Finlândia, país referência na educação. A preocupação com a interdisciplinaridade não é de hoje, e chegaria em bom tempo. O aluno deve compreender que o conhecimento humano não é compartimentado de forma estanque. O aumento da carga horária poderia resultar no arrefecimento das dificuldades dos alunos do ensino público, que teriam acesso a um rol maior de conteúdos. Por fim, a escolha da grade curricular é o maior dos avanços. Dar liberdade para o aluno escolher suas disciplinas é fazê-lo refletir sobre suas necessidades e afinidades cognitivas e consequentemente despertar seu interesse pela escola.

A única medida adotada na Finlândia e descartada pelos especialistas do MEC é a de valorização do professor. Na Finlândia um professor para lecionar deve ter título de Mestre, além de o salário ser equiparado ao de qualquer outro profissional que tenha tal formação.
A proposta com as modificações deve ser votada pelo CNE até julho. Os estados têm autonomia para adotar. O MEC pretende aplicar as mudanças já no ano que vem nas 100 piores escolas do país de acordo com os resultados do ENEM.


Espero que antes dessas modificações os Estados tenham bom senso para respeitar a jornada dos professores, 1/3 em atividades fora da sala de aula, medida que contribuiria para uma melhora na qualidade das aulas.


sábado, 9 de maio de 2009

FÓRUM REGIONAL DO EDUCACIONISMO



Começa no dia 15 de maio o I Fórum Educacionista de Ourinhos. A abertura será realizada pelo senador Cristovam Buarque às 19h no Teatro Municipal Miguel Cury com a palestra Por que Educacionismo?. No segundo dia haverá uma caminhada pela educação e a continuação do Fórum com três mesas de debate na EMEF Adelaide Pedroso Racanello.


Estou lendo o livro O que é Educacionismo de Cristovam Buarque e pretendo em breve escrever uma resenha apresentando as ideias aqui no Blog. Segundo Buarque “O Educacionismo considera que a civilização industrial caminha para uma catástrofe, pois desiguala seus indivíduos e degrada o meu ambiente. E o caminho para interromper essa marcha exige substituir a utopia da igualdade na economia para a igualdade na educação: o filho do trabalhador na mesma escola do filho do patrão. (...)Sua proposta toma a educação como o motor e o propósito da nova utopia.


Inscrições para o evento e mais informações sobre o movimento educacionista:

www.educaourinhos.org

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Notas & Novas

Estou de volta após um pequeno intervalo. Durante esses últimos dias muitas coisas aconteceram dentro de nossas salas (encerramento do bimestre, fechamento de notas, conselhos). Mas as mudanças mais significativas para o cenário educacional ocorreram fora de nossas salas.

Serão temas de textos aqui no blog nos próximos dias:
MEC propõe mudança para o Ensino Médio;
UNESP muda fórmula de seu vestibular;
Governo do Estado de SP abrirá concurso para professor com novas regras;

Logo, logo estarei de volta comentando essas novidades. Até lá!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Passa Palavra

Site muito interessante, vale a pena conferir. Há uma discussão interessante sobre o professor, e a sua falta de identidade.

http://www.passapalavra.info/

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Educação de mentira!

O dia 28 de abril foi o dia da Educação. Coincidentemente, o primeiro dia do mês de abril é o dia da mentira. E o que essas duas datas tem em comum? Uma abre, a outra fecha o mês. E o simbolismo da primeira se aplica a segunda, ou seja, a nossa educação é de mentira.

Os governantes mentem, os alunos mentem, os pais mentem e nós professores também mentimos. Toda essa rede de mentiras resulta em uma educação de péssima qualidade, e que não abre uma perspectiva de mudança social para os nossos jovens.

Como resolver essa situação? Somente um verdadeiro pacto entre governantes, pais, alunos e professores pode resolver a situação de nossa educação. Acreditar que a educação é a saída possível para o nosso desenvolvimento é de importância vital nesse processo.

O Brasil já tem indústrias, estradas, o reconhecimento no G-20. O que nos falta? EDUCAÇÃO, eis a resposta.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Série sobre Educação à Distância no Jornal Nacional

Esta semana o Jornal Nacional está apresentando uma série sobre Educação à Distância. Vale a pena conferir. No primeiro dia, a matéria rasgou elogios para o modelo, destacando o excelente papel da tecnologia. Mostrou como em comunidades isoladas a EAD faz a diferença, tanto para alunos como para professores.
A matéria ainda mostrou um resgate histórico, recuperando a educação por correspondência e a experiência pioneira da Universidade de Londres, que oferece cursos desde o século XIX. Vale lembrar que a Globo será totalmente a favor da EAD, tendo em vista que o seu fundador, Roberto Marinho, criou uma fundação e um programa com esse intuito, o Telecurso.
Comentarei mais nos próximos capítulos...

domingo, 26 de abril de 2009

Uma escola melhor pode consertar até o Congresso...

Acabei de ler um artigo publicado por Fernando Abrucio na revista ÉPOCA, discute um pouco do que falamos hoje por aqui vale a pena.

http://www.educacionista.org.br/jornal/index.php?option=com_content&task=view&id=2844&Itemid=43

Para que serve a escola...


Para aqueles que acreditam na educação, a escola é fundamental para o desenvolvimento humano. Partilho dessa concepção, de que não há humanidade sem escola. Porém, vejamos a realidade que se coloca diante de nossos olhos dentro da escola pública.

Gostaria de fazer aqui um breve exercício sobre o que é a escola para pais, alunos e professores. Quero ressaltar que esse exercício demanda generalizações, é lógico que existem as exceções, mas elas só confirmam a regra. Sei que as pessoas que leem esse blog não se encaixam no perfil que irei descrever, o simples fato de procurarem discutir a educação é um exemplo disto. Vamos lá!

Os pais sabem da importância da educação para o seu filho, tendo em vista que a maioria deles não teve uma educação de qualidade e hoje sofrem as consequências. Todavia, não há o hábito de acompanhamento dos estudos, e quando ele existe, não passa de que uma cobrança autoritária. Os pais também enxergam a escola como um espaço que cuidará integralmente de seu filho, temporalmente, psicologicamente e intelectualmente.



Os alunos veem a escola como um empecilho. Tudo o que gostariam de fazer não é possível devido ao compromisso escolar, ou seja, o aluno não sente prazer na escola, a não ser na sociabilidade com os colegas. Para os alunos a escola ideal não teria professores e todas as atividades relacionadas a este ser iluminado.

Para os professores a escola ideal não teria alunos. O professor vê a sala de aula como o espaço de provação, muitos até se perguntam o que estão fazendo ali. A partir dessa situação, frustrante para o professor, os seres humanos criam diversas teorias (a criatividade humana é sensacional!), dizem até que ser professor é um dom divino! Enquanto acreditarmos nisso, a educação nunca terá profissionais preparados para lidar com os desafios da escola, terá simplesmente pessoas iluminadas que seguem seu carma no magistério.

Dessa situação de impossibilidade de mudança, cria-se na escola um sistema de confronto, professor-aluno-pai. Quando ocorre esse confronto o papel que a escola poderia desempenhar na vida do aluno se reduz. A escola tem de ser a mesma para professores, pais e alunos. Enquanto houver essa cisão dificilmente avançaremos.
Como muitos já apontaram, a educação é um processo de interação, logo, não existe educação em um sistema que faz as três partes fundamentais desse processo se confrontarem.

O final de um texto sobre educação é sempre difícil, pois as críticas são feitas e as soluções factíveis raramente são postas. Devemos nos empenhar na conscientização, de alunos, pais e professores (nossos colegas), de que a educação é possível. Somente superando esse tsunami (pensei em utilizar o termo onda, depois maré) de descrença é que mudaremos nossa situação. Uma classe combativa e preparada para os desafios da escola e da sociedade, assim deve ser o professorado.

Continue você caro amigo, inquieto, rebelde e crente na mudança... quem sabe aquele que está ao seu lado não se contagia.


quinta-feira, 23 de abril de 2009

Mudanças no Vestibular da Fuvest

O vestibular mais concorrido do Brasil concretizou suas expectativas de modificações. A FUVEST anunciou na semana passada as modificações para o seu vestibular. A notícia já causa furor entre os vestibulandos e seus respectivos professores.

A principal mudança será a ênfase em uma formação geral mais sólida. Ou seja, agora o candidato terá que fazer provas dissertativas de todos os conteúdos na segunda fase. É importante ressaltar que os pontos obtidos na primeira fase não serão contabilizados na nota final.

Sem a contagem da primeira fase na nota final, a disputa fica mais justa, pois todos os candidatos poderão demonstrar seu conhecimento de forma mais efetiva nas provas dissertativas. As mudanças também são positivas para percebermos como há uma inquietação com o atual modelo do vestibular.

Algo que seria interessante e, que já começa a ser discutido, é a unificação dos vestibulares estaduais (USP, Unesp e Unicamp). Parece que a unificação é o futuro, vide as medidas do MEC para unificar os vestibulares das federais. O que se espera é que se unifiquem também os esforços para que os alunos de escola pública tenham acesso à universidade pública.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Seminário da Fundação Maurício Grabois começa dia 23 e vai debater os eixos da Conae 2010.

A Fundação Maurício Grabois, por considerar estratégico o papel da educação no projeto de desenvolvimento nacional, democrático, soberano e independente, promoverá nos dias 23 a 25 de abril o seminário “Os desafios da construção do Sistema Nacional de Educação”. O evento tem por objetivo debater os eixos da Conferência Nacional de Educação (Conae), convocada pelo governo federal, com destaque para questões relativas à concepção e à construção do SNE.

Clique aqui para acessar a programação.

Por que Tiradentes?



Tiradentes? Por que? Muitas pessoas devem fazer essa pregunta quando o 21 de abril se aproxima, ou pior, nem se dão conta do que se trata o feriado (a exceção fica por conta de nossos alunos que mesmo sem saber que é o “Tio Tiradentes” tem de desenhá-lo todo ano). Hoje não seria um bom dia para descobrirmos quem foi Tiradentes, afinal hoje é um feriado, na espanhol festivo, ou seja, um dia que devemos festejar e não estudar história. Mas cabe aqui uma pequena reflexão: por que esse senhor que hoje dá seu nome a ruas, praças e estampa seu rosto (que não era tão seu) nas moedas de 5 centavos ganhou um feriado?
A figura de Tiradentes é retomada com a proclamação da República, após um longo período de esquecimento durante o período imperial. O que quero transmitir é que essas noções são construídas, não carregam em si uma natureza própria, ou seja, Por que Tiradentes? Porque assim quis a República. O feriado poderia ser o dia 19 (dia do índio) ou 22 (dia do descobrimento), porém nenhuma dessas datas tem uma relação com a memória coletiva. E o Tiradentes tem? Creio que não. Qual a contribuição de Tiradentes para o desenvolvimento de nossa democracia?
Talvez seja a hora de pensarmos em novos homenageados, os nomes que a democracia manda guardar! Nomes como Vladimir Herzog, Chico Mendes ou as vítimas da ditadura. Com certeza qualquer um desses festivos renderiam nas salas de aula (e fora delas) mais do que retratos de um mártir que não nos faz mais chorar.
É possível aprender sobre história até nos festivos!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Carlos Guilherme Mota no Roda Viva

O Programa Roda Viva entrevistou o historiador Carlos Guilherme Mota. Diversos assuntos foram discutidos ao longo do programa, como não poderia deixar de faltar, o historiador teceu algumas palavras sobre nossa educação.
Mota assinalou que o grande problema de nossa escola está na má formação do professorado atrelada a uma má remuneração e falta de estrutura nas escolas. Para o historiador, nossas escolas públicas estão empobrecidas e deveria haver um investimento maciço na educação. O historiador criticou a gestão Paulo Renato no MEC, que foi tímida nas reformas.
O historiador ainda fez alguns comentários sobre materiais didáticos, afirmando que existem bons materiais de história. E concluiu dizendo que o professor de história deve ser heterodoxo, aberto e progressista.

Sabias palavras de nosso historiador cabe a nós ouvi-las ou não!
O programa vai ao ar na íntegra hoje 22h10 na TV Cultura.

Com Paulo Renato Educação em SP continuará sem rumo, ao contrário da estratégia partidária de Serra.

Quando a gente menos espera a vida nos proporciona surpresas, o que dizer da nomeação de Paulo Renato para a Secretaria da Educação de SP. O ministro de FHC que durante sua gestão abandonou as universidades federais, não se preocupou com os analfabetos e com a qualidade do ensino. Criando simplesmente mecanismos avaliativos voltados para responder as demandas externas. Vale a pena ler o texto de Paulo Henrique Amorim em seu portal.
O ex-ministro assumirá uma pasta que tem um legado de 15 anos de governo PSDB e o vertiginoso sucateamento da educação em todo estado. Quais serão as idéias de Paulo –Renato para tirar a educação de SP da lama? Acabrá com a progressão continuada? Respeitará a Lei federal que garante que um terço da carga horária dos professores seja fora da sala de aula? Abrirá concursos públicos para colocar efetivamente na rede os cerca de 100 mil professores que faltam?
Infelizmente não acredito nisso, o próprio Paulo Renato já declarou, continuaremos o trabalho, ou seja, O mais do mesmo. O que veremos nessa nova gestão será um progressivo ataque ao governo federal como já o fez criticando o Enem como possível substituto do vestibular. Mas é claro a educação em SP está uma maravilha melhorou 70% dá até para crítica os outros.
Ficarei de olho no trabalho de Paulo Renato! Espero que ele trabalhe.

domingo, 19 de abril de 2009

Por que estamos aqui?

Os trabalhos nesse blog se iniciaram no mês de fevereiro, após a queda de braço entre Apeoesp e Secretária Estadual da Educação de SP. A vitória dos primeiros retirou a possibilidade de professores recém formados, que foram muito bem na prova, lecionarem na Rede. Por motivos já explicitados aqui todos esses acontecimentos me entristeceram.
Passados dois meses do ocorrido resolvi reativar o Blog, ele que nasceu da indignação com uma situação específica, passa a ser a partir de hoje um espaço de debate sobre escola, alunos, professores e todas as dificuldades que enfrentamos no cotidiano de sala de aula. Outras questões que me apetecem como política, mídia (meu tema de estudos na Universidade), história, também aparecerão nesse lócus.
Cresce a cada dia a impotância dos espaços virtuais. E devemos aproveitá-los para difundir boas ideias, discutirmos a situação de nosso país e pensarmos em soluções para os problemas de nossa educação. Vamos lá!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O Ser Professor

O blog O Ser Professor é resultado da mais pura indignação com o estado atual da educação no Estado de São Paulo. Indignação que antes era só uma rebeldia, porém como diria Paulo Freire a simples rebeldia não gera a mudança.

O blog é uma ação que não acaba em si mesma, mas que deve ser coerente com a atuação do Ser professor respeitando seus alunos e sua profissão. A gota d’água para esse despertar foi a defesa intransigente do sindicato dos professores do Estado de São Paulo da anulação do processo seletivo para os professores temporários, que consistiu em uma simples avaliação de 25 questões objetivas sobre conteúdos e métodos teoricamente utilizados em sala de aula.

Mesmo com toda simplicidade da prova o resultado foi catastrófico e escancarou professores mal preparados e que se perpetuam na rede somente devido ao tempo de serviço e que quando foram submetidos a prova ficaram no final da classificação.

A prova possibilitaria um Raio-X dos professores que estão dentro das escolas e a forma pioneira e (que já ocorre em vários municípios), um pouco mais justa de atribuição de aulas. A classificação computaria (prova + títulos + tempo de serviço).

Porém percebendo a grande alteração que a seleção causou na classificação o sindicato em prol não do benefício da educação ou dos professores, mas em nome de seus associados entrou com liminar para a anulação da prova.

Essa atitude da cúpula do sindicato demonstra a total falta de respeito com os 214 mil inscritos, sendo que estes mais de 100 mil tentavam entrar na rede pela primeira vez. A mudança, pequena que ocorreria em nossas escolas esse ano não veio e continuaremos vendo o mais do mesmo.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Derrota da Educação em SP


Com a anulação da prova que classificaria os candidatos à docentes temporários da Rede Estadual de Ensino, cerca de 5 milhões de alunos saem perdendo, já que não ocorrerá a tão esperada renovação nas escolas. A prova possibilitaria que os professores recém formados, ou seja, atualizados e melhor preparados, conseguissem ingressar nas salas de aula desde o início do ano e assim desenvolver um trabalho de longo prazo. Porém com a anulação da prova o que permanece é o arcaico critério de tempo de serviço, que retira toda a possibilidade dos novos professores ingressarem na rede no início do ano letivo. Com essa decisão judicial apoiada pela APEOESP a educação de São Paulo continuará um mais do mesmo. Em suma, os profissionais mais bem capacitados, que estão se formando nas universidades, só conseguiram lecionar em agosto ou setembro, quando a velha guarda dos docentes pedem aos montes suas valiosas licenças. Dessa forma, uma proposta nova, com velhos professores, não resultará em nada. Necessitamos de docentes qualificados na rede paulista, todavia estes serão privados do direito de lecionar a partir das atribuições do dia 10/02 sufocados pela enxurrada dos professores que já estão aí à décadas e que não transformam as escolas, mas o fazem justamente o oposto. Mais do mesmo!